MISTÉRIO NACIONAL
“Essa tese é patética. As experiências nazistas, além do enorme custo humano, nunca produziram resultado com veracidade científica. (…) Em Minas Gerais, também há uma cidade com alta incidência de gêmeos e Mengele nunca passou por lá”, disse Pena, que também diretor científico do Laboratório Gene.
O livro do jornalista argentino relata ainda que um ex-prefeito e médico da cidade, Anencir Flores da Silva, realizou pesquisas e entrevistou centenas de moradores para tentar descobrir a razão da alta taxa de nascimentos de gêmeos.
A alta incidência de gêmeos em uma cidadezinha do Rio Grande do Sul poderia ser resultado de experiências genéticas realizadas pelo médico nazista Josef Mengele, segundo afirma uma biografia recém-publicada do chamado “Anjo da Morte”.
A tese, rebatida por um geneticista ouvido pela BBC Brasil, está no livro “Mengele: El Ángel de la Muerte en Sudamérica” (Mengele: o Anjo da Morte na América do Sul) de autoria do jornalista argentino Jorge Camarasa e que virou tema de reportagens reproduzidas nesta semana por veículos em diferentes países.
Segundo ele, a incidência de gêmeos na população de Cândido Godói, cidade próxima à fronteira com a Argentina, começou a crescer após 1963, época da suposta passagem de Mengele pela região.
Com uma população de pouco menos de 7 mil habitantes, Cândido Godói tem mais de cem pares de gêmeos idênticos. A taxa de nascimentos de gêmeos univitelinos na cidade seria de um em cada cinco partos, muito acima da média mundial de um a cada 85 partos.
O fenômeno já é estudado há vários anos pelos cientistas, mas até hoje não surgiu uma tese definitiva para explicar a alta proporção de gêmeos na cidade gaúcha de colonização alemã.
Experimentos genéticos
Mengele, que durante a Segunda Guerra Mundial ficou conhecido por realizar experimentos genéticos, muitos deles com gêmeos, entre os prisioneiros do campo de concentração de Auschwitz, viveu escondido na América do Sul após o fim da guerra e morreu afogado em uma praia no litoral de São Paulo em 1979.
Para Camarasa, a coincidência entre a passagem de Mengele por Cândido Godói em 1963 e o início de um “boom” de gêmeos na cidade poderia indicar que o médico nazista teria continuado suas experiências muito após o fim da Segunda Guerra.
Segundo o geneticista Sérgio Danilo Pena, professor titular de Bioquímica da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a tese levantada pelo livro é “patética”.
O MONSTRO |
Experiência Nazista |
Para ele, a alta proporção de gêmeos na cidade deve ser resultado de uma simples flutuação estatística.
“Poção”
Muitos moradores mais velhos de Cândido Godói recordam a passagem do médico, sob a identidade falsa de Rudolph Weiss, pela cidade.
Segundo o relato dos moradores a Camarasa, Mengele ganhou a confiança dos moradores ao se apresentar como veterinário e cuidar dos animais da cooperativa de agricultores da cidade, antes de começar a tratar também dos próprios moradores como médico.
Cândido Godói |
Segundo Flores da Silva, pessoas tratadas por Mengele contaram que ele “tratava de mulheres com varizes e dava a elas uma poção que ele levava em uma garrafa, ou pílulas que ele trazia com ele”.
O livro de Camarasa conta a fuga de Mengele para uma colônia nazista na Argentina nos anos 1950, suas ligações com o então presidente Juan Perón, sua posterior fuga ao Paraguai nos anos 1960, após a prisão em Buenos Aires de outro criminoso nazista, Adolf Eichman, e sua passagem pelo Brasil, onde viveu em diversas cidades, com a ajuda de um casal alemão, até sua morte em Bertioga.
Gêmeos de Cândido Godói são destaque em sites pelo mundo
Zero Hora
Imprensa repercute livro que atribui fenômeno a experiência de nazista
A curiosa incidência de gêmeos no município de Cândido Godói, no noroeste do Estado, ganhou destaque em publicações internacionais nesta semana.
Um texto veiculado no jornal Daily Telegraph, com base em informações do livro Mengele: el Ángel de la Muerte en Sudamérica (Mengele: O Anjo da Morte na América do Sul), lançado no ano passado pelo argentino Jorge Camarasa, multiplicou-se em sites de países da Europa e da América do Sul.
Segundo Camarasa, o médico nazista Josef Mengele, o “anjo da morte” do campo de concentração de Auschwitz, estaria por trás da alta incidêndia de gêmeos no município gaúcho, “onde ele enfim pôde realizar seus sonhos de criar uma raça de arianos loiros e com olhos azuis”. A existência de gêmeos foi uma das obsessões de Mengele. Nos anos de domínio nazista na II Guerra Mundial, ele buscou uma chave genética para regular os nascimentos, para fazer com que as arianas puras pudessem gerar filhos em dobro para o Terceiro Reich.
Depois de se refugiar no Paraguai, ele teria, na década de 60, feito uma série de viagens a Cândido Godói, de acordo com as pesquisas de Camarasa. O historiador relata ter ouvido de moradores que um médico alemão chamado Rudolph Weiss teria visitado a cidade nessa época. Depois de curar doenças de animais, ele teria passado a tratar mulheres com estranhos medicamentos e a colher o sangue delas. O médico seria, na verdade, Mengele.
– Há testemunhos de que ele atendeu mulheres, acompanhou sua gravidez, as tratou com novos tipos de drogas e preparativos, falou em inseminação artificial de seres humanos e continuou trabalhando com animais, afirmando que era capaz de fazer vacas produzirem gêmeos machos – disse o historiador ao jornal inglês.
Obra de 1995 já citava influência de Mengele
A história ganhou espaço em sites de países como Argentina, Uruguai, Paraguai, além de outros veículos da Inglaterra e até da Suíça . A suposta ligação entre Mengele e a “Terra dos Gêmeos”, porém, não é novidade.
Em 1995, ela apareceu no livro Odessa al Sur, do próprio Camarasa, e foi contada em reportagem de Zero Hora intitulada O Anjo da Morte Passou pelo RS. Autor de dois livros sobre a presença de refugiados nazistas na Argentina, resultado de 15 anos de pesquisas, Camarasa havia descoberto depoimentos coincidentes sobre a passagem de Mengele pelo Estado.
Em Odessa al Sur, ele já afirmava que Mengele esteve em Cândido Godói no início dos anos 60, o que teria provocado o fenômeno no município gaúcho: “Desde 1963, foram registrados mais de 50 nascimentos de gêmeos em Cândido Godói, sendo a média mundial de um em cada 20 partos. É algo surpreendente, sem similar registrado na literatura científica mundial: um em cada cinco partos”.
FONTE: BBC BRASIL
Quer saber quem foi o monstro Josef Mengele? Clique aqui !
FONTE: BBC BRASIL
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A explicação da "flutuação estatística" não é convincente, pois se fosse uma variação pequena, ainda vá. Mas a taxa de nascimentos de gêmeos pular de pouco mais de quatro por cento dos partos para vinte por cento, seria coincidência demais... Por outro lado, a teoria de que Mengele tem algo a ver com isso precisa de muito mais provas. Muitas cidades pequenas aqui do RS (e imagino que de outros lugares) foram colonizadas por um número reduzido de famílias, que acabaram formando, de certa forma, comunidades à parte, casando-se apenas entre si durante gerações, ainda mais quando se tratava de alemães, que muitas vezes relutavam em se misturar com outros grupos étnicos. Bastaria o cruzamento constante entre duas ou mais famílias com tendência a produzir gêmeos para gerar um quadro como esse de Cândido Godoy.
ResponderExcluirCaro Marcos, sempre um prazer ler seus comentários. Realmente sua teoria é bem convincente e sim é de fato uma hipótese. Agora louco como Mengele foi, não dúvido que ele possa ter feito suas loucuras aqui, embora sejam necessários provas para provar o fato. O legal é que essa é uma teoria de conspiração nacional muito curiosa e provoca um certo pavos sobre modificações genéticas. Abraços e volte sempre!
ExcluirConcordo com a resposta do Marcos
Excluirtenso,aqueles dois velhos q aparecem nas fotos la em cima,moram aqui onde moror eu conheço eles '-'.
ResponderExcluirMoro bem próximo, já estive lá. Realmente é intrigante o que acontece nessa cidade.
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