França, Estrasburgo ( 1518 ).
"Flautista Encantador" (alusão) |
Não passou uma semana ( exato 6 dias) já haviam mais 34 pessoas acompanhando Frau em sua dança suicida.
A dança continuou sem cessar, dia e noite, mais e mais pessoas aderiam e, após 30 dias já haviam arproximandamente 400 pessoas dançando rumo a morte.
Segundo relatos de cidadãos da época, as pessoas dançavam, não estavam tendo qualquer convulsão ou espasmo; simplesmente dançavam. Contudo, não estavam felizes, estavam desesperados, seus olhos pediam para parar, muitos choravam, mesmo assim não conseguiam parar
Documentos históricos, incluindo "observações médicas, sermões catedráticos, crônicas locais e regionais, e mesmo notas divulgadas pelo conselho municipal de Estrasburgo" deixam claro e comprovam que as vítimas estavam dançando. O motivo de essas pessoas dançarem obstinadamente até a morte nunca foi esclarecido.
Enquanto a epidemia se espalhava, nobres locais, preocupados com a situação, procuraram o conselho de médicos da região, que descartaram a possibilidade de causas astrológicas ou sobrenaturais, diagnosticando o problema como uma "doença natural" causada por "sangue quente". Ao invés de prescrever a sangria, as autoridades no entanto encorajaram as pessoas a continuarem dançando, abrindo dois salões, um mercado de grãos e até mesmo um palco de madeira no local do fenômeno. Isto foi feito na crença de que os dançarinos só se recuperariam se continuassem a dançar dia e noite. Para aumentar a efetividade da cura, as autoridades chegaram inclusive a contratar músicos para manter os afligidos em movimento. Alguns dos dançarinos foram levados a um santuário, onde buscou-se uma cura para seu problema, que naturalmente não foi alcançada
E acreditem, mais de uma centena pessoas morreram de tanto dançar, morreram tentando parar, chorando, mas não conseguiram. Pois todos, segundo a ciência viveram uma histeria coletiva.
O que é histeria coletiva? por "Yuri Vasconcelos"
É um distúrbio psicológico em que um grupo de pessoas passa a ter, ao mesmo tempo, um comportamento estranho ou adoecer sem uma causa aparente. Os surtos de histeria coletiva, também conhecida como doença psicogênica de massa, são mais frequentes em grupos fechados, como alunos de uma mesma escola ou trabalhadores de uma empresa, embora também acometa a população em geral. A doença faz a galera ficar mais ansiosa e perder o controle sobre atos e emoções, além de turbinar os sentidos, como tato, olfato, paladar etc. Mesmo que tudo isso seja coisa da cabeça, os "histéricos" chegam a apresentar sintomas como náusea, tontura, fraqueza, desmaio e falta de ar.
Há registros de surtos grupais de doenças, risadas e danças desde a Idade Média
Abaixo alguns exemplos:
CHILIQUE MEXICANO
Histéricos - Adolescentes de um internato católico
Onde - Cidade do México
Quando - 2006
Um grupo de garotas passou a ter, ao mesmo tempo, fraqueza, dificuldade de locomoção, febre, náuseas e desmaios. Ao retornar das férias, o mal se espalhou mais. No total, 600 das 3 600 internas tiveram sinais da doença que, segundo as autoridades, não tinha causa orgânica
ATAQUE ALIENÍGENA
Histéricos - Moradores
Onde - Ilha de Colares, Pará
Quando - 1977
Relatos sobre luzes vindas do espaço para sugar sangue humano impressionou famílias inteiras. Em pouco tempo, várias pessoas declararam ter sido perseguidas e mais de 80 reportaram sequelas físicas do que seriam ataques de "ETs". A Aeronáutica destacou oficiais para investigar o caso
RISO CONTAGIANTE
Histéricos - Moradores
Onde - Tanganica, Tanzânia
Quando - 1962
A criançada começou a rir do nada na escola e contagiou até os pais. A risadaria nonsense atingiu vizinhos e milhares de pessoas, que riram durante seis meses. A epidemia, analisada em artigo do Jornal Internacional de Pesquisa sobre Humor, causava dores, dificuldades respiratórias e ataques de choro
PÂNICO NO AEROPORTO
Histéricos - Passageiros e funcionários do aeroporto
Onde - Melbourne, Austrália
Quando - 2005
Uma funcionária desmaiou, junto à escada rolante. Em seguida, outras duas mulheres passaram mal e apagaram. O ar-condicionado foi desligado por medo de um atentado com gás, mas não adiantou. Mais pessoas passaram mal e quase 50 foram levadas para o hospital
E acreditem, mais de uma centena pessoas morreram de tanto dançar, morreram tentando parar, chorando, mas não conseguiram. Pois todos, segundo a ciência viveram uma histeria coletiva.
O que é histeria coletiva? por "Yuri Vasconcelos"
É um distúrbio psicológico em que um grupo de pessoas passa a ter, ao mesmo tempo, um comportamento estranho ou adoecer sem uma causa aparente. Os surtos de histeria coletiva, também conhecida como doença psicogênica de massa, são mais frequentes em grupos fechados, como alunos de uma mesma escola ou trabalhadores de uma empresa, embora também acometa a população em geral. A doença faz a galera ficar mais ansiosa e perder o controle sobre atos e emoções, além de turbinar os sentidos, como tato, olfato, paladar etc. Mesmo que tudo isso seja coisa da cabeça, os "histéricos" chegam a apresentar sintomas como náusea, tontura, fraqueza, desmaio e falta de ar.
Há registros de surtos grupais de doenças, risadas e danças desde a Idade Média
Abaixo alguns exemplos:
CHILIQUE MEXICANO
Histéricos - Adolescentes de um internato católico
Onde - Cidade do México
Quando - 2006
Um grupo de garotas passou a ter, ao mesmo tempo, fraqueza, dificuldade de locomoção, febre, náuseas e desmaios. Ao retornar das férias, o mal se espalhou mais. No total, 600 das 3 600 internas tiveram sinais da doença que, segundo as autoridades, não tinha causa orgânica
ATAQUE ALIENÍGENA
Histéricos - Moradores
Onde - Ilha de Colares, Pará
Quando - 1977
Relatos sobre luzes vindas do espaço para sugar sangue humano impressionou famílias inteiras. Em pouco tempo, várias pessoas declararam ter sido perseguidas e mais de 80 reportaram sequelas físicas do que seriam ataques de "ETs". A Aeronáutica destacou oficiais para investigar o caso
RISO CONTAGIANTE
Histéricos - Moradores
Onde - Tanganica, Tanzânia
Quando - 1962
A criançada começou a rir do nada na escola e contagiou até os pais. A risadaria nonsense atingiu vizinhos e milhares de pessoas, que riram durante seis meses. A epidemia, analisada em artigo do Jornal Internacional de Pesquisa sobre Humor, causava dores, dificuldades respiratórias e ataques de choro
PÂNICO NO AEROPORTO
Histéricos - Passageiros e funcionários do aeroporto
Onde - Melbourne, Austrália
Quando - 2005
Uma funcionária desmaiou, junto à escada rolante. Em seguida, outras duas mulheres passaram mal e apagaram. O ar-condicionado foi desligado por medo de um atentado com gás, mas não adiantou. Mais pessoas passaram mal e quase 50 foram levadas para o hospital
Nesse artigo do Discovery, um estudioso explica que o negócio foi provavelmente provocado por uma doenças chamada de Histeria Coletiva, que gera esse tipo de manifestação bizarra em multidões que sofrem altos níveis de stress. A mesma doença gerou outras crises coletivas de dança na Europa nessa época, e a última reportada foi em 1840.
Finalizando:
Eu, pessoalmente assemelho muito essa história com o conto do flautista encantador e em sua homenagem inicio o post com uma bela alegoria sobre este texto cinistro. Ainda pode-se dizer em bruxaria, tal manifestação foi descrita como possessão durante a inquisição, mas naquela época tudo era possessão. Dizia-se ainda, nos livros utilizados pelos inquisidores, que o simples toque de uma bruxa poderia fazer com que qualquer pessoa agisse sem controle. Teria em 1518 passado uma bruxa em Strasburgo -França?
BÔNUS
A seguir trechos de uma entrevista da revista Galileu com o historiador John Waller que escreveu um livro sobre a dança da morte.
Galileu: Por que você decidiu escrever um livro sobre a epidemia de Estrasburgo?
John Waller: Estava pesquisando síndromes culturais, quando me deparei com referências a pragas de dança na era medieval. A princípio duvidei dos relatos: uma dança mortal parecia muito improvável. Mas, conforme cavava mais fundo, percebi que as evidências eram convincentes. Nesse ponto, já estava fisgado pela ideia de tentar explicar por que ela aconteceu. Ficou claro que esses eram exemplos poderosos da maneira pela qual o contexto cultural pode moldar a expressão do sofrimento psicológico. Sua importância para o presente está no que elas revelam sobre os extremos aos quais a crença e a angústia podem nos levar. Mas eles também podem melhorar nosso entendimento sobre o quão diferentemente os membros de culturas distintas respondem ao medo e ao sofrimento.
Galileu: Você escreve que químicos potentes como o esporão do centeio (fungo que ataca o cereal e pode provocar alucinações e a doença ergotismo) não poderiam causar um movimento de longa duração. Por que muitos autores defendem o esporão como a razão das epidemias de dança?
Waller: É curioso que a ideia ainda seja apresentada. Acho que isso acontece parcialmente devido a uma moda moderna de encontrar explicações biológicas simplórias. Especialistas consideram altamente improvável que, mesmo que o ergotismo fosse capaz de provocar a dança, as pessoas tenham respondido de maneira igual aos químicos psicotrópicos do esporão. De qualquer maneira, a manifestação mais comum do ergotismo é a restrição do fluxo sanguíneo nas extremidades, causando gangrena e morte. Se tivesse havido uma epidemia da doença em Estrasburgo, era de esperar que pelo menos uma parte significativa dos afetados morresse dessa maneira, mas não há nenhuma menção a esse fato.
Galileu: Seu argumento é que a epidemia resultou de uma histeria devido à miséria, que se manifestou pela dança por causa do misticismo de uma sociedade que acreditava em conflitos cósmicos entre o bem e o mal. Qual o papel da dança nesse contexto?
Waller: Os atingidos pela epidemia de 1518 ocupavam um ambiente de fé que aceitava a ameaça da praga divina, possessão ou feitiço. Eles não tinham a intenção de entrar em estados de transe, mas suas crenças sobrenaturais tornaram isso possível. Nessa área da Europa havia uma crença em uma praga de dança que podia ser enviada por São Vito. Apenas porque as pessoas já temiam esse santo foi possível que o seu estado histérico se manifestasse na forma de uma dança compulsiva e selvagem.
Galileu: Você diz que o fim dessas epidemias está relacionado ao declínio da teologia medieval e ao início da modernidade. Mas você também afirma que a estrutura de nossos cérebros não mudou. Ainda estamos sujeitos a essas pragas?
Waller: Erupções de histeria em massa continuam a acontecer até hoje. Na Europa, desde a metade dos anos 1700, esses eventos aconteceram em locais de administração "linha-dura" ou confinadores, como fábricas ou escolas. No presente, ainda há episódios dramáticos - embora raros e que não envolvam um estado de transe. Há também fenômenos aliados, que são abastecidos por medo e moldados por crenças populares. Nessa categoria eu colocaria epidemias de "koro", nas quais milhares de jovens se convencem de que seus pênis foram roubados ou retraídos para dentro de seus corpos sob o comando de agentes sobrenaturais malignos. Tem havido epidemias recorrentes de "koro" em partes da África e do Sudeste Asiático.
Galileu: Você menciona o candomblé no Brasil como um exemplo de culto moderno relacionado ao transe. Como essa religião se aproxima das epidemias de dança, considerando suas diferenças?
Waller: A maior diferença é que a praga foi involuntária. As pessoas em Estrasburgo não queriam ficar dançando, mas agiram de acordo com crenças internalizadas na fúria de uma divindade vingativa. Por isso esse fenômeno é descrito como uma histeria em massa, em vez de uma tradição religiosa cultural. Isso posto, os cultos modernos de possessão realmente lançam uma luz sobre o que aconteceu em 1518, já que estudos mostram que as pessoas estão mais propensas a experimentar um transe dissociativo se já acreditam em possessão espírita. As mentes podem ser preparadas, por meio do aprendizado ou exposição passiva, a transitar por estados alterados.
FONTES:
ótimo post. parabéns!
ResponderExcluirValeu pelo elogio! Que bom que gostou. Volte sempre:)
Excluireu acredito que tenha sido algo sobrenatural, uma vingança dos deuses por exemplo, ou ate mesmo feitiçaria já que bruxaria era bem comum na idade média
ResponderExcluirNão duvido que tenha sido algo sobrenatural. O fato é muito estranho e assustador. Época esquisita não acha?
Excluirnaquela época não se tinha tantos meios de comunicação como hoje e eu acredito que nestas épocas os demonios se manifestavam muito mais já que não havia forma de fotografar ou filmar mostrando a verdade ao mundo da existencia definitiva do bem e do mal.
ResponderExcluirTem lógica. Dizem que a melhor idéia do demônio foi a de mostrar ao homem que ele não existe.
ExcluirDizem que naquela época existiam bruxos q faziam rituais macabros,maldições etc...
ResponderExcluirAcredito que tenha sido algum tipo de bruxaria, objeto encantado ou algo do tipo, qualquer coisa, menos que estavam fazendo de livre e espontânea vontade.
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